Histórico
O Programa de Pós-Graduação (PPG) em Fisiologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de São Paulo (USP) foi criado em 1970 e no ano de 2020 completou 50 anos. A criação desse programa foi iniciativa de um grupo de docentes do Departamento de Fisiologia, que se tornou um dos pioneiros no desenvolvimento da Fisiologia no Brasil com a vinda do Prof. Dr. Miguel R. Covian de Buenos Aires (Argentina), no ano de 1955.
Desde a sua criação, a proposta primordial de nosso PPG é oferecer um sólido embasamento teórico e de experiência de pesquisa de bancada para indivíduos vocacionados à carreira científica. Para isso, nosso corpo docente mantém atuação marcante na investigação dos mecanismos fisiológicos e fisiopatológicos nas áreas de Fisiologia Cardiovascular, Endócrino e Metabolismo, Renal, Neurofisiologia, Respiratório, Fisiologia Sináptica e Biofísica e Digestório.
O Programa cresceu, qualitativa e quantitativamente, e, em Dezembro de 2020, era formado por 15 orientadores permanentes, 16 alunos de Mestrado e 23 alunos de Doutorado. Conta ainda com a colaboração de 12 Pós-Doutorandos que juntamente com os docentes, pós- graduandos e alunos de iniciação científica participam ativamente das atividades de ensino de pós-graduação e pesquisa nas diferentes áreas da Fisiologia.
Nosso Programa, vinculado ao Departamento de Fisiologia e, portanto, norteado pelos princípios filosóficos e inovadores de Miguel R. Covian, possui a conceituação máxima ou nível de excelência da CAPES (nível 7-PROEX), por desenvolver produção com padrão de qualidade internacional, como atestam os trabalhos publicados pelos seus docentes nos principais periódicos internacionais voltados para as Ciências Fisiológicas. Além disso forma recursos humanos também de excelência e de forma crescente contribui para que a Ciência que nele é produzida seja visível e valorizada pela população graças a pioneiros Projetos de Divulgação Científica e Extensão.
Ao completar 50 anos desde a criação do Programa de Pós-Graduação em Fisiologia (1970-2020), foram defendidas 300 Dissertações de Mestrado e 301 Teses de Doutoramento. Destes 395 profissionais já pós-graduados, cerca de 65% fazem parte do Corpo Docente de Universidades brasileiras, principalmente públicas (Federais e Estaduais). Outros egressos estão trabalhando como Pesquisadores em Universidades no país, como pós-Docs e no exterior. No caso dos egressos do Mestrado muitos deles estão inseridos em Cursos de Doutorado no nosso PPG e em outros. A análise da distribuição geográfica de nossos egressos mostra que aproximadamente 50% está concentrada na região Sudeste. Vale ressaltar que muitos dos Docentes egressos deste PPG são, atualmente, responsáveis por outros importantes programas de Pós- Graduação no Brasil. Isto mostra o efeito multiplicador e o poder de nucleação de nosso PPG no desenvolvimento e crescimento da Fisiologia do Brasil. Além da formação de excelentes profissionais, o corpo docente de nosso programa se destaca pela quantidade e qualidade de sua produção científica. Na última década, mais de 870 trabalhos científicos foram publicados em periódicos de circulação internacional, sendo que aproximadamente 75% destes estão classificados entre os Qualis B1 e A1 da CAPES. Por ser um dos mais antigos PPG em Fisiologia do país, seu impacto histórico, político e acadêmico é notável.
A Implantação do Programa de Pós-Graduação em Fisiologia na FMRP-USP
Prof. Dr. Eduardo Moacyr Krieger
Médico, Fisiologista e Primeiro Coordenador do PPG-Fisiologia
“Ao comemorar os 50 anos de sua criação é bom rememorar o início do Curso hoje chamado Programa de Pós-graduação de Fisiologia. Era representante dos Professores Assistentes no Conselho Universitário da USP e fui indicado pelo então Reitor Prof. Hélio Lourenço de Oliveira para compor a comissão presidida pelo Prof. Senise que elaborou a regulamentação dos cursos de pós-graduação, que foi aprovada antes mesmo dos Estatutos. Isso contribuiu para que nosso Diretor Prof. Moura Gonçalves me indicasse para a comissão presidida pelo Prof. Rocha e Silva que implantaria a pós-graduação na FMRP. Ao mesmo tempo o Conselho do Departamento de Fisiologia (recém-criado pelo novo estatuto) elegia o Prof. Miguel Covian para a Chefia do Departamento e a mim como coordenador do primeiro Programa de Pós-Graduação. Trabalhei, portanto, simultaneamente na organização dos Programas da Faculdade e, particularmente, no de Fisiologia. Estudos e discussões foram necessários para estabelecer os requisitos e diferenças entre o Mestrado e Doutorado, a distribuição relativa dos créditos de pesquisa e da parte acadêmica, os relatórios periódicos, o exame geral de qualificação, o conceito e a distribuições das disciplinas da área de concentração e do domínio conexo. Na Fisiologia decidimos que as disciplinas compulsórias deveriam cobrir as grandes áreas de pesquisa do Departamento para familiarizar os alunos com os principais métodos empregados no setor, mais do que utilizar a sistematização de conhecimento mais adequado para a graduação. O Programa de Fisiologia teve um sucesso imediato com alunos provindos de diversos estados brasileiros e, também, do exterior (O Rafael Brenes y Brenes era de Costa Rica e foi o primeiro aluno graduado na Faculdade). Apesar das restrições de área, o Departamento destinou uma sala especialmente para os alunos de pós-graduação, considerada por núcleos conservadores da Faculdade como centro contestador do regime militar vigente. Tal era o grau de liberdade acadêmica pretendida que dois alunos, sem sucesso, propuseram defender em conjunto uma única Tese proveniente de pesquisa feita em colaboração (ambos realizaram carreiras acadêmicas de prestigio). Seguramente, foi a atividade dos excelentes grupos de pesquisa já funcionando, graças à liderança do Prof. Covian, e à sábia definição da parte acadêmica que possibilitou com sucesso a implantação do Programa. Tenho saudades desse tempo e dos colegas de então, muitos já falecidos. Em nome de todos eles cumprimento efusivamente os professores e dirigentes atuais responsáveis por assegurem ao Programa a excelência que nós havíamos augurado.”